Lisboa Luta

2019 – 2023

“Quando chegar o momento, precisaremos de unidade e solidariedade; estas são as únicas formas eficazes de luta contra qualquer tipo de abuso e violência levadas para quem, como sempre, utiliza a vida das pessoas para a própria vantagem, económica ou política.”

(do sítio Web do Stopdespejos)

Um fio condutor une muitos dos meus dias em Lisboa: as lutas sociais, as manifestações, os protestos nas ruas, as festas de solidariedade, as assembleias. Muitas das lutas são as mesmas aqui e no resto do mundo, outras estão relacionadas com problemas locais, umas mais leves, outras mais pesadas que nos deixam sem fôlego. São organizadas por grupos informais, associações, colectivos, alguns presentes há muitos anos, outros que vi nascer, outros que ainda não descobri.
As primeiras fotos são de 2019, quando encontrei graffitis contra os despejos, contra a gentrificação, contra os turistas.
Depois, em 2020, a celebração do 25 de abril sem desfiles, devido à pandemia. Logo a seguir, recomeçam as manifestações, a contra o racismo, ligada ao assassinato de George Floyd e a pela morte de Bruno Candé, ator português assassinado em Lisboa.
Em 2021, fotografo os protestos contra o fascismo, as batalhas contra as demolições e os despejos, contra Bolsonaro, pela Palestina, pelos refugiados, “Podia ser eu, podias ser tu” pela rapariga italiana atropelada enquanto andava de bicicleta nesta cidade que favorece os carros, as marchas pelos direitos dos animais e pela “misteriosa” morte na prisão de dois jovens.
No ano seguinte, há novas iniciativas pelo ambiente, assembleias pela habitação e novos protestos com “Entraram vivos e saíram mortos!” pelas mortes na prisão que continuam sem ser investigadas. Enquanto continuam as demolições de casas e os despejos.
Todos os anos estão na rua para as tradicionais marchas do 25 de abril e do 1.º de maio, em que participam todas as organizações da cidade, o 8 de março, o Pride e as incansáveis manifestações pelo direito à habitação e pela emergência ambiental e justiça climática.
Houve manifestações sem fotos, apenas com participação. Algumas delas estão entre as minhas memórias mais importantes do viver em Lisboa.
2023 captura os protestos contra a Semana da Juventude e a visita do Papa, os de apoio aos presos nas cadeias portuguesas e, sobretudo, duas manifestações incríveis pelo direito à habitação e à cidade. “Casa para viver, Planeta para habitar” tornou-se a reivindicação comum das lutas pela habitação e pelas alterações climáticas.
E o massacre na Palestina.


Tentemos sempre ser muitos, ainda mais.

© 2015-2023 Djamila Baroni
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